Tour de moto por Can Gio

No meu último dia em Ho Chi Minh City e, também, último dia no Vietnã, resolvi fazer um tour de motocicleta. É um clássico, não poderia deixar o país sem andar de moto. Foi uma experiência incrível. Há muitos anos não andava de moto, acho que a última vez tinha sido quando adolescente. Também, nunca tinha viajado de moto por estrada, somente em cidades.

Escolhi fazer o tour MRH04: Saigon Outskirt Motorbike Excursion to Can Gio Mangrove Forest do MyRides. Era um tour de um dia todo na moto que sairia da cidade para conhecer a ilha Can Gio e sua floresta de mangue.Logo na partida, o guia Luke me deu uma máscara para colocar e avisou que levaríamos uns 45 minutos para sair da cidade e que logo após seria uma estrada tranquila. Nesse momento, me dei conta como a cidade é grande. Nos dias anteriores tinha caminhado por tudo no centro e, claro, não parecia tão grande.

Fiquei um pouco nervosa no começo, pois sou grande e não queria que meu peso desequilibrasse a moto, ia rígida agarrada na moto no trânsito caótico da cidade de Ho Chi Minh. Mas depois de alguns minutos me acostumei com a moto e relaxei. Quando chegamos na estrada, foi lindo. Pedi para parar para eu poder pegar a câmera para gravar o percurso. Era um estradinha linda, quase que vazia e com salinas por todo lado.

Nossa primeira parada foi num pequeno ferry somente para motos. Luke falou para eu não me incomodar que estavam todos me encarando. Ele disse: “Por favor, não leve a mal, é que não estão acostumados e ver turistas por aqui”. E eu, desligada como sou, nem tinha me dado conta que todos me olhavam. No ferry um senhor veio me perguntar se eu era turista, mas seu sotaque era tão forte que ele teve que falar uma 4 vezes “you tourist?” para eu entender. Então, respondi sorridente que sim. Foi interessante estar num lugar não tão turístico pois a viagem até agora tinha sido em lugares turísticos.

Depois de quase duas horas de viagem, chegamos na Reserva Biosférica de Vam Sat. Lá também não havia muitos turistas. Subimos um mirante de madeira para apreciar a floresta de cima. Vimos macacos pelo caminho. Depois fomos num lago ver crocodilos. Entramos num pequeno barco (quase como uma gaiola) e oferecem peixe para alimentar os crocodilos que chegam bem pertinho do barco. Disseram que essa foi a forma que encontraram para preservar os animais e não deixar que os matem.

O tour seguiu com um passeio de lancha até chegarmos numa parte da floresta de mangue onde caminhamos um pouco para pegar uma canoa no outro rio e ir conhecer a floresta de morcegos. A paisagem era linda, silenciosa, somente os sons da floresta. Chegamos bem perto de uma parte da floresta onde diversos morcegos dormiam nas árvores. Eram muitos e enormes.

Depois de ver morcegos, almoçamos no restaurante da reserva, uma delícia. E Luke me contou um pouco sobre a culinária Vietnamita, falei tudo que já tinha experimentado e como gostava da comida local. Depois do almoço foi a vez de caminhar por pequenas trilhas na floresta de mangue. Para chegar na trilha havia duas opções, uma ponte de tronco ou ponte normal. Optei pela segunda pois minha perna ainda não estava 100% recuperada.

Pela tarde, nosso passeio de moto continuou e paramos num local de produção de ninhos de pássaros, iguaria da região. Sim, por aqui se come ninhos. Durante todo o percurso de ida, vimos diversos prédios enormes de concreto cinza fechados, sem portas ou janelas, somente com pequenos buracos. São edifícios construídos para seduzir os pássaros a fazerem seus ninhos lá. Os Swiftlets,  pássaros nativos do sudeste da Ásia, constroem ninhos com a saliva, seus ninhos não são feitos de galhos e folhas. Essas casas gigantescas possuem um sistema de som para atrair os pássaros. Foi uma sensação interessante escutar o assovio dos pássaros vindo de todos os lado.

A fábrica limpa os ninhos a mão, tirando qualquer impureza e os montam novamente para vender por uns 3.000 dólares. Na Ásia, eles acreditam que a ingestão desses ninhos traz diversos benefícios para a saúde, desde aumentar a imunidade e antienvelhecimento até a cura do câncer. Claro que provei, eles serviram com chá, mel e frutas. Puro não tinha gosto de nada, tipo gelatina sem sabor, então, coloquei muito mel para ficar mais apetitoso.

A volta para Ho Chi Minh foi por um ferry grande – não só de motos como na ida – e a paisagem da cidade no horizonte era linda. Para mim, a viagem de moto é um pouco com as viagem de bicicleta ou barco a vela, o percurso é tão importante quanto o local de chegada. Foi um dia incrível, recomendo a experiência.

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[Texto, fotos e vídeo de Karla Brunet – 2019]

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