Rurrenabaque e Pampas

A viagem até Rurrenabaque foi longa. Primeiro peguei um transporte (ir de pé, apertada, na parte de atrás de uma pick-up) até Yolosa. De lá, um ônibus até Rurre (é como se chama por aqui). Chegamos bem cedo, 5 da manhã, e muita gente ficou dormindo até o dia clarear. Quando acordamos, fomos pegar as mochilas de cima do ônibus e a mochila de um escocês tinha sido roubada. São muitas as histórias de roubos por aqui… Fui para o hotel, tomei banho e um ótimo café da manhã num restaurante perto. Confirmei o tour do dia seguinte e passei o resto do dia sem fazer nada. Estava feliz em estar num lugar quente. Ás vezes o frio daqui cansa.

O tour foi um desastre. Já saímos 2 horas atrasados. Viajamos 4 horas de carro até uma cidadezinha chamada Santa Rosa. Depois de esperar um bom tempo por comida, que não havia para todos, saímos para mais 3 horas de barco no rio Yacuma até o acampamento. O lugar é lindo, pudemos ver vários jacarés na beira do rio. Paramos para banhar-nos. Aí vimos rapidamente um boto rosa. Vimos também diversas aves e uma capivara. Infelizmente o barco foi rápido e os animais fugiram quando nos aproximamos. O ideal seria desligar o motor e tentar chegar perto da margem do rio sem assustar os animais.

No segundo dia, logo depois do café da manhã, seguimos 20 minutos de barco até um banhado para procurar “anacondas” (a nossa Sucuri).O lugar era uma lama só, com um mato um pouco alto. Usamos uns sapatos velhos que havia no acampamento. Nesses momentos, senti saudades das botas de borracha até o joelho, que usei no tour na selva do Equador. Depois que caminhamos umas 2 horas naquele lugar fedorento, uma inglesa encontrou a anaconda. O guia, Luis, a buscou e todos nos aproximamos para ver. Depois tiramos fotos com ela no pescoço. O certo é segurar a cabeça e o rabo, só fiquei sabendo disto depois. Segurei somente na cabeça e ela começou a me estrangular, uma volta depois outra. Gritei para a amiga de tour bater a foto logo. A sensação não era nem um pouco agradável.

Os guias queriam continuar procurando por uma “cobra” (das venenosas).Os turistas estavam cansados e queriam ir embora. Junto com o guia, um grupo viu uma cobra amarela bem pequena. Igual a que as inglesas e eu vimos logo no começo. Luis disse para não chegar perto, pois essas cobras são muito venenosas e podem matar alguém em 2 horas. Foi bom saber disso, pois naquele lugar longínquo nunca chegaríamos a um posto de saúde em duas horas. E pela organização do tour, não tinham nem comida para todos, com certeza também não tinham soro antiofídico. Voltamos ao acampamento para o almoço. Neste meio tempo, os guias deixaram cair o motor de um dos barcos na água. Éramos umas 20 pessoas e agora não tínhamos barco. Eles ficaram a tarde toda tentando recuperar o motor, sem sucesso. E nós sem fazer nada num acampamento nem um pouco confortável para 20 pessoas.

No terceiro dia, acordamos cedo para ver o nascer do sol. Meu grupo, sem guia e barco, foi junto com o outro. Foi a primeira vez que desligaram o motor do barco. Que ótimo. Na volta tomamos café da manhã e seguimos para um passeio de barco, agora com um novo guia e motor. Foi muito ruim, o guia ia muito rápido e não podíamos apreciar a paisagem. Paramos para pescar piranha. Uma israelita e eu ficamos na sombra de uma árvore enquanto o resto do grupo tentava pescar. Neste dia, já me sentia mal, enjoada, com dor na barriga e diarréia.

Voltamos, também muito rápido, para Santa Rosa e depois fomos de carro para Rurrenabaque. Nos próximos 4 dias fiquei muito doente. Visitava o médico pela manhã e passava os dias lendo e escutando música na rede.

Rurrenbaque e Pampas (2001)

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