Quando li sobre “Um Lugar na Janela” numa revista de companhia aérea, fiquei logo com vontade de comprar. Já havia lido outro livro da autora, uma coletânea de crônicas publicadas anteriormente no jornal, e gostei. Então, a expectativa era boa.
O livro promete ser uma seleção de histórias de viagens, sem pretensões de ser um guia, mas sim uma análise pessoal e introspectiva dos momentos vividos em diversos lugares, dentre eles, Rio, Fernando de Noronha, Japão, Nova Iorque, Marrocos…
Logo no primeiro capítulo, a autora fala de suas razões para viajar, algo que compartilho bastante. Mas depois, o livro decepciona. Criado inicialmente como um blog, acho que devia ter seguido lá, afinal, é diferente a forma que lemos um livro e que lemos um blog. Eu, ao menos, entendo assim. Num livro quero um texto mais elaborado, mas interessante tanto pelo conteúdo quanto pela forma. Eu não sei escrever, sou péssima nisto, por isto fotografo. Portanto, quando leio (e adoro ler), quero ver textos que eu diga “adoraria ter escrito eu isto”. Mas não aconteceu em nenhum momento de “Um Lugar na Janela”.
As histórias de viagens de Martha são contidas, óbvias e falta ousadia, falta o inesperado. Em geral, são as viagens padrões das revistas de viagens tradicionais, parecia “Viagem e Turismo”. A autora disse no primeiro capítulo que não seria um livro de dicas de hotéis e restaurantes mas faz isto o tempo todo, algumas vezes parece propaganda da agência de viagens da amiga ou do hotel de luxo onde se hospedou ou do restaurante onde comeu. Na maior parte dos casos, as descrições dos lugares eram fracas, sem conteúdo, superficiais. O capítulo sobre o Rio foi o pior, em alguns parágrafos eu pulava a parte de citação dos globais e masturbação do ego. Nada comparável ao livro “Carnaval no Fogo” de Ruy Castro, que ao terminar de ler, qualquer um fica com uma vontade incrível de viajar ao Rio.
Resumindo, Martha não ousou nas viagens, nem no livro… A própria autora escreveu que mesmo em viagens, segue sua rotina, seus horários padrões. Martha, por favor, ouse mais, viaje a lugares não tão óbvios, não reserve por agências, depare-se com o acaso, experimente lugares estranhos, rompa com a rotina. Viagem é isto, é romper rotinas, romper com quem você é, desconstruir e construir, sem medo.
Um Lugar na Janela – Relatos de Viagem, de Martha Medeiros. L&PM Editores, 2012
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