Cheguei em Trujillo às 4 da manhã e como fui a única pessoa a descer do ônibus que ia para Lima, mais uma vez sofri a briga dos taxistas pela minha mochila. Desta vez deu um pouco de medo pois não estava num terminal e sim numa rua escura. Deixei que eles brigassem e decidissem quem me levaria. É claro que o mais bravo ganhou.
Para visitar as ruínas não quis pegar um tour, resolvi fazer por conta própria. Na manhã, conheci as Huacas del Sol y de la Luna, mas não se sabe se realmente eram templos do sol e lua. O nome foi dado pelos espanhóis quando chegaram no local e acharam que essas fossem construções incas. Na verdade, são construções do período Moche, centenas de anos antes dos Incas.
Somente um dos templos está aberto a visitas, pude ver as diferentes salas, o lugar de sacrifício e onde foram encontradas cerâmicas, esqueletos e objetos em ouro, cobre e prata. Os desenhos nas paredes lembram um deus bem assustador. Arqueólogos estão trabalhando no local, começaram já tarde, em 1990, depois que muitos dos objetos já terem sido roubados pelos chamados “huaqueros”. Parece que ainda há muito trabalho a ser feito.
Outra ruína perto de Trujillo é a Chan Chan. Esta possui uma grande parte restaurada, mas El Niño destruiu um pouco do trabalho dos arqueólogos e hoje alguns dos locais possuem barras de ferro para reforçar as estruturas. A Chan Chan foi construída pelo povo Chimu por volta de 1300 ac. Estima-se que ali viviam uns 60.000 habitantes. Os desenhos nas paredes remetem às coisas do mar, como padrões de peixes e arraias. Há também um pequeno museu mostrando manequins dos índios da região e cerâmicas encontradas.
Segui em direção a Huanchaco, onde dormi uma noite. A praia conhecida pelos caballitos de totora e surfistas estava vazia. O frio e mal tempo justificavam isso. O que me levou ao local foi ver como os pescadores usam até hoje em dia os barquinhos feitos de palha, os famosos caballitos de totora. São barcos individuais em que os pescadores sentam como se montando a cavalo e se lançam ao mar para pescar, pegam principalmente caranguejo e peixes pequenos. É interessante ver como os barcos têm uma boa maleabilidade mesmo com ondas grandes.
Na chegada dos pescadores, as mulheres e os filhos estão esperando para ajudar a contar e separar a pesca nos devidos cestos. As cerâmicas da região mostram os povos locais usando este tipo de embarcação centenas de anos atrás. Adorei o local, principalmente o fato de que o progresso não chegou em tudo, os pescadores ainda mantêm um costume antigo que se preserva até hoje.
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