Los autonautas de la cosmopista. O Un viaje atemporal Paris-Marsella – Julio Cortázar e Carol Dunlop
Andava um pouco cansada de livros de viagens, em geral, são escritos por não escritores, ou seja, são mal escritos. Numa conversa com uma amiga que trabalha num editora lendo livros e decidindo o que deve ou não ser publicado/traduzido por eles, perguntei se me recomendava algo de viagem, me recomendou “Los autonautas de la cosmopista. O Un viaje atemporal Paris-Marsella” de Julio Cortázar e Carol Dunlop. Já havia lido outros livros de Cortázar, mas não conhecia este.
A ideia do livro por si só já é interessante, fazer uma viagem de Paris a Marsella somente parando nos paradores da autopista (freeway). Juntos, o casal decidiu as regras da viagem, como se determinassem as regras de um jogo, e se prepararam para a ação. Acho que os primeiros capítulos, antecedentes ao começo da expedição, são os melhores. Talvez pelo meu gosto por desafios, por planejamento prévio (acho que uma viagem já começa nesta fase), e pela paixão por viagens inusitadas.
Outro ponto interessante de Los autonautas de la cosmopista é que foi escrito a dois, tanto Cortazar como sua companheira fotógrafa Dunlop escreveram. Algumas vezes não sabemos qual deles está escrevendo, só nos damos conta quando se refere ao outro: Lobo ou Osita (Ursinha).
O livro é um excelente relado de viagem, de busca por poesia e de aproveitar a vida mesmo nos piores lugares. É observar tudo e ater-se aos detalhes. É uma história de companheirismo, de amor, de uma relação a dois (imagine passar mais de 30 dias com seu companheiro sem poder sair de um freeway, vivendo numa Kombi). Também, pode-se dizer que é o relato de um jogo onde o leitor fica na expectativa se os jogadores conseguirão passar para a próxima fase e chegar ao objetivo final. Recomendo.
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