Cheguei em Lima no fim de semana da eleição presidencial, data importante para a política do país. A cidade estava cinza e fria. Pensava na mesma latitude no Brasil, costa atlântica, como deveria estar quente e ensolarado.
No sábado, tinha combinado de encontrar com duas amigas inglesas para vermos o jogo de futebol Peru – Equador. A ideia era torcer para o Equador, elas porque tinham morado um tempo lá e adquiriram certo carinho pelo país, eu porque achava que mereciam, afinal nunca tinham estado num mundial antes, desta vez estavam indo bem, talvez cheguem à classificação. Estava em Quito quando Equador ganhou do Paraguai, foi uma festa enorme nas ruas, tudo parou, todos com camisetas da seleção, caras pintadas. Pensando também na parte história, nas guerras de fronteira, o Equador sempre perdeu para o Peru, por ser um país menor e mais fraco. Eles merecem ganhar uma vez, nem que seja no futebol.
Assistimos a partida num dos restaurantes populares do centro, comendo frango assado com batata frita, bebendo Inca Kola, pois bebida alcoólica estava proibida devido às eleições do dia seguinte. Torcemos silenciosamente para não sermos linchadas. O jogo estava empatado até 2 minutos antes de terminar quando Equador fez o último gol, foi difícil esconder a felicidade, começamos a rir sem parar. Os peruanos levantaram bravos e foram embora.
No domingo, eleições: a decisão entre Alejandro Toledo e Alan Garcia. Comecei a perguntar a todos em quem iriam votar, queria ter uma ideia da opinião das pessoas. Eu preferia Toledo, embora ache que sua formação é muito neoliberal e isto pode prejudicar um pouco o povo, mas afinal é melhor que um ex-presidente que foi corrupto em seu mandato.
Um taxista mostrou um panfleto que dizia que Toledo tinha usado drogas quando jovem, então, disse que presidente drogado não dava. Quando perguntei se Alan não era ladrão, respondeu-me “sim, roubar todos roubam e mais vale um ladrão conhecido que um desconhecido”. Outro taxista disse que ia votar em Toledo pois “o outro já conhecemos, agora vamos experimentar um novo”. A moça do hotel disse que votaria em Alan, perguntei sobre seu passado de corrupção, ela respondeu: “é que antes ele era jovem, não sabia das coisas, fazia o que os outros mandavam, agora está melhor, já é mais velho, sabe das coisas”. Ótima desculpa para uma campanha.
Na noite de domingo já se tinha o resultado, Toledo seria o próximo presidente…
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