Já tinha visto na televisão, bem como encontrado com pessoas que fizeram o passeio. Então, resolvi fazer um tour de bicicleta na estrada considerada “a mais perigosa do mundo”, de La Paz até Coroico.
Saímos de La Paz 8:30h da manhã. Fomos de van até um lugar chamado La Cumbre (topo da montanha). Lá pegamos a bicicleta e começamos a “baixar”. Os primeiros quilômetros eram asfaltados e a estrada não muito movimentada, podíamos alcançar grandes velocidades. Alguns dizem que 70 Km por hora, com certeza eu não era um destes…
Paramos para apreciar a paisagem e comer um chocolate, afinal estava muito frio. Em La Cumbre estava nevando e, com o vento frio da velocidade, a sensação era congelante. Subimos um pouco até chegar ao fim do asfalto. Depois, segue um trecho de estrada de chão e muitos tratores e caminhões trabalhando. Um pouco mais adiante, há um “y”, o esquerdo leva a estrada nova que está em construção e o direito, por onde fomos, é a parte mais perigosa. Dali em diante, teríamos que descer pelo lado esquerdo da estrada, ou seja, pelo lado do precipício. Aqui meu medo começou. Tenho medo de altura e descer em alta velocidade uma estrada de terra com caminhões e ônibus pela beirada do penhasco era um teste para mim. Paramos para o almoço, sentamos no chão (sensação de segurança) e comemos um sanduíche. Eu já não queria ir mais, mas não disse nada. Sabia que ainda teríamos umas 3 ou 4 horas até chegar a Yolosa.
Na descida já sentíamos a diferença de clima e vegetação. O trajeto começou numa altitude de 4725m e terminou em 1700m. Começou a ficar quente e fomos tirando as camadas de roupas, mas o medo continuava sempre comigo. Cada vez que olhava o precipício lembrava que tinha escutado, quando estava no Equador, que uma menina israelita tinha caído e morrido há poucos dias. Em uma das paradas, estava a pedra marcando sua morte, a estrela israelita e as datas. Nosso guia descreveu exatamente como ela caiu. Perguntei como ele sabia. Ele disse que viu, pois era o guia do grupo em que ela estava. Ele estava no ponto de descanso, olhando o nada, quando ela foi passar uma amiga e voou precipício abaixo.
Depois de escutar a historia trágica, fiquei mais preocupada e cada vez mais tentando ir devagar (o que é quase impossível). Eu era sempre a última da fila do meu grupo e minhas mãos doíam de tanta tensão. Os últimos 20 minutos foram os piores, pois já estava cansada, 5 horas na bicicleta, e com medo, o que não é fácil. Nesta parte, a estrada estava bem arenosa e movimentada, tinha muito pó. Mas estávamos perto de Yolosa. Eu tinha perdido meus óculos escuros e a poeira grudava nas lentes de contato. Não dava para ver nada. A idéia de ter um grande penhasco ao meu lado me assustava mais ainda. Eu parava o tempo todo, a cada um minuto. Até que então, fiz sinal para a van que ia nos seguindo e entrei no carro. Foi um alívio. Bom… em parte, porque o motorista também não via nada e parava o tempo todo. Acho que ele tinha receio de bater em outro carro; ou pior, numa bicicleta. Em Yolosa, todos nos encontramos e fomos de van até Coroico.
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