A primeira semana em Berlim foi uma adaptação a nova rotina que durará um mês. Sempre gostei de rotinas em cidades que não são as que vivo, é como ficar íntimo de um lugar por um tempo.
Comecei com as aulas de alemão pelas manhãs, e tardes e noite para conhecer a cidade, ver amigos e visitar museus. Logo nos primeiros dias, encontrei com Thomas, Lorena e Kai para uma cerveja no Mitte. Thomas tinha conhecido na Bolívia em 2001, Lorena conheço de Barcelona, Kai é seu amigo. Aproveitamos a noite quente em Berlim para sentar ao ar livre num bar e falar de viagem, já que todos, logo, estaríamos viajando. A conversa foi uma mistura de espanhol com inglês salpicando palavras de alemão e português.
Visitei com Lorena o Museu do Muro (Haus am Checkpoint Charlie), achei um pouco desorganizado, parecia exposição de colégio, uma grande quantidade de fotos e recortes de jornal pendurados na parede. Já ao final melhorou um pouco, podia-se notar uma certa organização. Grande parte do museu era sobre histórias de gente que tentava escapar do leste para o oeste. O que não vejo muito como uma história terminada, gente tentando cruzar uma fronteira acontece todos os dias. A única diferença é que nos casos de hoje não existe um muro construído para dividir povos. Só na Espanha vejo todos os dias nas notícias relatos de africanos que tentaram checar ao país em condições ultra precárias. Será que no futuro vai haver um museu para eles?
Com Lorena fui a Potsdamer Platz para que ela conhecera um pouco da arquitetura super moderna de Berlim. Ai vimos uma exposição de fotos de cabeças da fotógrafa Angelika von Stocki chamada Talking Heads/Gesichter Unserer Zeit. Encontramos também com Pepe, um amigo boliviano que conheci quando viajava em Bolívia. Caminhamos um pouco por Kreuzberg, seu bairro, e terminamos a noite comendo comida indiana por lá.
Para finalizar a semana visitei o Museu do Filme de Berlim e o Museu Judeu. O museu do filme não tem nada muito impressionante, são pedaços de filmes, o que vale a pena é o lugar. Possui alguns caminhos futuristas, salas cobertas de espelhos mostrando excertos de filmes. Sai com vontade de ir ao cinema.
O Museu Judeu impressiona por sua arquitetura, tanto por fora como por dentro. O edifício foi muito bem pensado para ser um museu. A exposição em si não é nada muito surpreendente, é bem didática. O que eu mais gostei da exposição foram uns pequenos estandes com computadores que faziam enquete com temas atuais. É que sempre que vou a museus reclamo que mostram a “história” sem nenhum tipo de questionamento sobre o presente, apresentam a História como algo distante e não relacionado com o hoje. Aqui não, com estas perguntas eles questionaram o que está acontecendo agora. Ao mesmo tempo que votava podia-se ver o total de pessoas que votaram e o percentual de cada resposta. Algumas das perguntas eram: “Você pensa que todos os que nascem na Alemanha têm direito a cidadania alemã?”; “Você tem algum amigo que tenha preconceito contra judeus?”, “Você acha a Turquia pode entrar na União Européia?”
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