Chegamos à Medina no final da tarde. Todas as ruas pareciam iguais, centenas de pessoas pra cima e pra baixo, e nos perdemos um pouco… Uns tentavam nos enganar e outros, nos ajudar. Mas finalmente conseguimos chegar ao Riad Karmela. A primeira impressão ao entrar foi um alívio: tínhamos deixado atrás o caos e entrado na paz, podíamos sentar e relaxar. E isso foi o que fizemos, num belo pátio, com chá de menta e doces. Nosso anfitrião, Joel, nos deu as boas vindas e uma rápida explicação sobre como se mover, o que visitar e quanto pagar pelas coisas. Depois de descansar decidimos jantar na Jemaa El Fna.
Jemaa El Fna é um dos lugares mais famosos do mundo para comida de rua. Têm diversas fileiras de postos vendendo espetinhos, caracóis, cabeças de carneiro, dozes… Infelizmente, os garçons são insistentes demais e isso pode estragar a experiência. Quase acontece isso na nossa primeira noite por lá, mas conseguimos sentar e comer uns bons espetinhos, legumes grelhados e umas excelentes azeitonas, coisa habitual no Marrocos. Tomamos sucos de laranja e limão em outra barraquinha e depois voltamos ao Riad. Na volta ficamos novamente meio tensos já que voltamos a nos perder.
No outro dia, decidimos visitar a parte nova da cidade e caminhar até a estação de trem para comprar passagens a Casablanca. No caminho, passamos ao lado da mesquita Koutubia, talvez o minarete mais impressionante da cidade. Almoçamos num restaurante moderno numa rua cheia de hotéis. Eu comi um tagine de frango e limão muito gostoso, um dos destaques da viagem. A cidade nova não é tão interessante quanto a Medina, mas é bem mais tranquila. Vale a pena visitar para ter outro ponto de vista da vida no Marrocos.
Caminhamos até outro lugar destacado da cidade, o jardim Majorelle. No interior do jardim, cheio de todo tipo de plantas e árvores autóctones e tropicais, fica o Museu Berber. O jardim foi criado pelo pintor Frances Jacques Majorelle e depois comprado por Yves Saint Laurent e Pierre Bergé, que fundaram o Museu no edifício azul onde ficava o estudo do pintor. No museu, está exposta a coleção pessoal de artefatos Berber de Saint Laurent e Bergé. Dentro do jardim, também, fica o memorial Yves Saint Laurent e é o lugar onde foram espalhadas as cinzas do fashion designer. É um lugar agradável para sentar e relaxar um pouquinho. O café do jardim é muito bonito, mas os preços estão bem acima do normal em Marrocos.
Ao sair, decidimos pegar um táxi de volta á Medina. Tivemos que pechinchar um pouco, mas graças ao Joel sabíamos o preço que tínhamos que pagar e chegamos á quantidade certa. Nossa próxima parada foi a Maison de la Photographie, um pequeno museu onde se expõem fotos do Marrocos do inicio do século XX. As fotos antigas tem certa magia e essa sensação ficou reforçada pelo local. Subimos até o teto e a vista lá de cima, o sol se pondo sobre a cidade, valeu a pena.
No mapa, a Maison de la Photographie estava bem pertinho do nosso Riad. Os mapas enganam um pouco na Medina, mas conseguimos chegar ao Riad sem muito problema e até tomar um chá de menta num café ali perto. Decidimos ir jantar no mesmo café, mas infelizmente estava fechado a noite. Para evitar qualquer estresse acabamos jantando num restaurante que ficava dentro de uma casa de hóspedes bem interessante. A comida não foi tão interessante assim: kebabs e um panini. Voltamos ao Riad e tomamos uns drinques no pátio. Experimentei uma cerveja local e comprovei que seria facílimo não beber álcool no Marrocos se todas as cervejas fossem tão ruins assim.
[Texto de Òscar Buenafuente/Fotos de Karla Brunet]
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